Hoje o primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e os ministros de relações exteriores dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Abdullah bin Zayed Al Nahyan, e do Bahrein, Abdullatif Al assinaram acordos históricos de paz, em uma cerimônia na Casa Branca, em Washington, com a presença de Donald Trump, articulador da iniciativa.
“Pela primeira vez, dois acordos de paz e normalização são declarados em menos de 30 dias, um fato inédito que certamente entrará para história, 25 anos após a última declaração de paz proclamada na região, entre Jordânia e Israel”, afirma André Lajst, cientista político especialista no conflito árabe-israelense e no Oriente Médio, doutorando em Ciências Políticas e Sociais pela Universidade de Córdoba e diretor-executivo da StandWithUS Brasil.
Agora somam-se 4 os países árabes a reconhecerem e normalizarem relações com Israel: Egito, Jordânia, Emirados Árabes Unidos e Bahrein.
Em 1979, o Egito, liderado pelo presidente Anwar Sadat foi o primeiro país árabe a quebrar o tabu e firmar um acordo de paz com Israel. A famosa foto de Menachem Begin e de Sadat apertando as mãos acompanhados por Jimmy Carter, então presidente dos EUA, entrou para a história. Egito e Israel dividem uma larga fronteira e lutaram diversas guerras. Desde 1979, Egito e Israel tem cooperado intensivamente para a estabilidade e prosperidade da região. O acordo rendeu às partes o prêmio Nobel da Paz.
Em 1993, os acordos de Oslo foram assinados na mesma Casa Branca, desta vez entre Israel e a Organização para Libertação da Palestina (OLP). O Primeiro Ministro de Israel, Ytzhak Rabin e o líder palestino Yasser Arafat declaram mútuo reconhecimento e a formação de um acordo preliminar que criou a Autoridade Nacional Palestina. Apesar de a disputa ainda existir entre as partes, desde os acordos de Oslo os palestinos possuem pela primeira vez na história um governo autônomo. Esse acordo, mediado pelo então presidente Bill Clinton, também rendeu às partes o prêmio Nobel da Paz.
Já em 1995 foi a vez da Jordânia, país vizinho e frequentemente hostil à Israel - que também se envolveu em diversas guerras contra o Estado Judeu - firmar a paz. Em um acordo firmado em Aqaba, na Jordânia, Rabin e o Rei Hussein da Jordânia assinaram um acordo histórico, terminando com décadas de estado de guerra e beligerância entre as partes.
“Vinte e cinco anos passaram sem novas declarações de paz, apesar de ter sido reportado diversas vezes na mídia internacional um aquecimento e aproximação entre Israel e diversos países árabes e islâmicos por vários motivos: o perigo do programa nuclear iraniano; o aumento do terrorismo global e a necessidade de trocas de inteligência; o desenvolvimento tecnológico de Israel em diversas áreas, incluindo segurança, agricultura e medicina; a estagnação do processo de paz entre Israel e os palestinos; e as inúmeras denúncias de corrupção e falta de visão política dos líderes palestinos em tentar resolver o conflito com Israel”, afirma André. “As famosas fotos de apertos de mão e paz sendo firmada na Casa Branca ganharão hoje mais um exemplar, 27 anos após a última foto ter sido tirada, em 1993. Estamos presenciando a maior mudança no Oriente Médio há décadas”, ele afirma.